Você já se perguntou se um consórcio é um bom negócio? Atualmente, essa modalidade de aquisição coletiva está disponível para diversos objetivos, como imóveis, carros, viagens e até cirurgias estéticas.
Nos últimos anos, o consórcio tem atraído cada vez mais brasileiros como alternativa para aquisição de bens e serviços. De acordo com uma análise recente pela InfoMoney, a busca por consórcios saltou 52,9% ao longo de 10 anos, consolidando-se como uma das principais formas de planejamento financeiro para quem deseja evitar juros.
Apresentado como uma alternativa ao financiamento tradicional, o consórcio é promovido pela ausência de juros, mas será que ele realmente vale a pena em 2025?
Vamos explorar todos os detalhes para ajudá-lo a tomar uma decisão informada.
ÍNDICE DE CONTEÚDO
Como funciona o consórcio?
O consórcio surgiu na década de 1960, logo após a instalação da indústria automobilística no Brasil. Na época, o crédito era difícil de obter, o que levou funcionários do Banco do Brasil a criar um modelo cooperativo de aquisição de bens. Hoje, o consórcio é regulamentado pelo Banco Central e administrado por empresas especializadas.
Funciona assim: um grupo de pessoas paga mensalmente uma parcela destinada à formação de um fundo comum. A cada mês, um participante é contemplado por sorteio ou por meio de lances, recebendo uma carta de crédito que pode ser usada para adquirir o bem ou serviço desejado.
Custos embutidos no consórcio
Embora pareça uma solução atraente, o consórcio envolve custos adicionais que muitas vezes não são claros no momento da contratação. Entre eles estão:
- Taxa de administração: Representa entre 10% e 20% do valor da carta de crédito, dependendo da administradora e do tipo de consórcio. Na simulação feita no Banco do Brasil, essa taxa chegou a 31,9%.
- Fundo de reserva: Geralmente de 1% a 3%, serve como uma proteção contra imprevistos financeiros no grupo.
- Seguro (opcional): Oferece garantias, como quitação do consórcio em casos de morte ou invalidez, e pode ser contratado separadamente.
Em uma simulação para uma carta de crédito de R$ 70.000, com 222 parcelas de R$ 425,30, o custo total do consórcio chegou a R$ 94.436,58. Desse montante, aproximadamente R$ 24.000 foram destinados a taxas administrativas e fundo de reserva.
Simulações e reajustes
As parcelas do consórcio não são fixas e podem ser reajustadas anualmente com base em índices como o IPCA (inflação geral) para carros e motos, e o INCC (índice da construção civil) para imóveis.
Exemplo de reajustes do INCC:
- 2020: 8,68%
- 2021: 14,03%
- 2022: 9,41%
- 2023: 3,34%
Esses índices podem tornar as parcelas significativamente mais altas ao longo do tempo, afetando o planejamento financeiro do participante.
A contemplação e os lances
Além do sorteio mensal, os participantes podem antecipar a contemplação dando lances. Na prática, isso significa ofertar uma quantia extra para aumentar as chances de receber a carta de crédito.
Um exemplo prático:
- Carta de crédito: R$ 70.000
- Menor lance contemplado: R$ 47.000 (68% do valor total).
Embora os lances sejam uma forma de acelerar o processo, eles frequentemente exigem valores elevados, tornando-os inviáveis para muitos participantes.
Consórcio vs. financiamento: qual a diferença?
A principal diferença entre consórcio e financiamento está nos custos e na disponibilidade do bem.
Aspecto | Consórcio | Financiamento |
---|---|---|
Custos principais | Taxas administrativas | Juros |
Disponibilidade | Após sorteio ou lance | Imediato |
Reajustes | Índices como IPCA e INCC | Taxa de juros fixa ou variável |
Ideal para | Planejamento de longo prazo | Necessidade imediata |
Na simulação citada anteriormente, o custo total do consórcio foi superior ao financiamento (R$ 94.436,58 contra R$ 90.000). No entanto, o financiamento pode custar mais caro em prazos longos, devido à incidência de juros acumulados.
O consórcio é um investimento?
Apesar de algumas pessoas considerarem o consórcio um investimento, ele não se encaixa nessa categoria, pois não gera rendimentos sobre os valores pagos. Uma comparação prática pode esclarecer:
- Investindo R$ 425,30 por mês a uma taxa de 0,8% ao mês:
Patrimônio acumulado em 222 meses: R$ 259.000. - No consórcio, com os mesmos valores:
Carta de crédito no final: R$ 110.000.
A diferença de R$ 149.000 demonstra que investir diretamente é uma alternativa mais vantajosa para quem busca rentabilidade.
Estratégias de alavancagem no consórcio
O consórcio pode ser usado estrategicamente para alavancar patrimônio, sendo as principais estratégias:
- Alavancagem tradicional: Pagando poucas parcelas antes de ser sorteado, o participante tem acesso antecipado ao bem com um custo inicial reduzido.
- Alavancagem otimizada: Combina o consórcio com investimentos financeiros. Por exemplo, metade do capital é aplicada em um fundo de liquidez, enquanto a outra metade é usada para lances no consórcio.
- Alavancagem financeira: Ao ser contemplado por sorteio, a cota do consórcio pode ser revendida com lucro. Essa estratégia é arriscada, pois depende de fatores como a liquidez do mercado e o tempo de contemplação.
Vale a pena fazer um consórcio?
A decisão de aderir a um consórcio depende do perfil financeiro e das necessidades de cada pessoa.
Quando vale a pena:
- Você pode esperar para adquirir o bem.
- Deseja evitar os juros do financiamento.
- Precisa de uma forma disciplinada de poupança para objetivos específicos.
Quando não vale a pena:
- Precisa do bem imediatamente.
- Busca rendimentos financeiros.
- Deseja evitar custos adicionais significativos.
Conclusão
O consórcio pode ser uma solução interessante para quem deseja planejar a aquisição de bens sem pressa e com disciplina. No entanto, ele não é isento de custos e, matematicamente, muitas vezes perde para o financiamento ou investimentos diretos. Antes de decidir, avalie suas prioridades e faça simulações para entender qual opção é mais adequada para o seu bolso.
E você, já participou de um consórcio? Compartilhe sua experiência nos comentários e ajude outras pessoas a tomar decisões mais conscientes!