O Mercado Livre está está em negociações com o Banco Central e o Ministério da Fazenda do México para solicitar uma licença bancária que permitirá expandir a gama de produtos que oferece no país.
Atualmente, a empresa opera no México como uma licença de fintech conhecida como IFPE (Electronic Payment Fund Institutions), mas precisa de uma licença bancária para serviços bancários.
A decisão se baseia em uma regulamentação mais rígida para as operadoras de pagamento no México. Em outros países, como a Argentina, a empresa conseguiu operar dentro de marcos regulatórios sem a necessidade de licença bancária.
Esta licença irá permitir oferecer vários serviços, incluindo a sua popular aplicação de carteira digital, o Mercado Pago. A notícia foi confirmada por Osvaldo Giménez, presidente do Mercado Pago, fintech do Mercado Livre, à Bloomberg.
“A oportunidade é fenomenal. Vemos no México o que aconteceu no Brasil na última década, onde houve um aumento enorme no acesso a bancos, pagamentos eletrônicos e crédito“, disse Gimenez em entrevista.
Por quê o México?
A decisão de solicitar esta licença no México, e não em outros países onde também opera, é baseada em várias razões.
No México, a regulamentação para operadores de pagamentos é mais rígida e detalhada, levando o Mercado Livre a buscar uma licença bancária para poder oferecer uma gama mais completa de serviços financeiros.
Em contrapartida, em outros mercados, como a Argentina, a empresa tem conseguido operar dentro dos marcos regulatórios existentes, sem a necessidade da licença.
Segundo Giménez, a empresa não tem licença bancária nos demais países onde atua e não precisa tê-la porque pode oferecer todos os serviços que deseja prestar nos quadros atuais.
“Com uma licença bancária, muitas operações serão facilitadas, desde a forma como os empréstimos são oferecidos aos usuários até nossos produtos de investimento“, disse Gimenez à agência americana.
“Com a escala que já possuímos e o objetivo de ser o maior banco digital da América Latina, esse passo é um passo na direção certa“, acrescentou.
Além disso, o Mercado Livre planeja criar 8.200 novas oportunidades de emprego no México ao longo deste ano, além de investir o equivalente a US$ 2,5 bilhões em suas operações no país.
Na região, a empresa tem contratos de empréstimo com Goldman Sachs Group, Citigroup e JPMorgan Chase.
De fintech a Banco
É comum que as fintechs, à medida que crescem e se consolidam em seus mercados, optem por obter licenças bancárias.
Isso não apenas permite que eles expandam suas ofertas de serviços, mas também cumpram regulamentos mais rigorosos que garantem a segurança e a confiabilidade de suas operações.
No México, a transição de fintech para banco não é tão complexa, pois eles geralmente já estão em conformidade com muitas das regulamentações aplicáveis aos bancos.
No entanto, o processo para obter uma licença bancária é detalhado e requer o cumprimento de uma série de requisitos regulamentares e operacionais.
A Ualá, fintech que atua no México, Argentina e Colômbia, é um exemplo de empresa que seguiu esse caminho.
Essa empresa adquiriu 100% das ações do Wilobank na Argentina, hoje conhecido como Uilo, e também obteve aprovação para adquirir o banco ABC Capital no México. Na Colômbia, começou a operar como uma empresa de financiamento em 2022.
Essa expansão permitiu oferecer uma gama completa de serviços financeiros, incluindo recebimento de folha de pagamento, emissão de cartões de crédito e débito e a proteção das economias de seus usuários por meio do Instituto de Proteção da Poupança Bancária (IPAB) no México.