Se você acompanha os jornais, já deve ter notado que, desde a reeleição de Donald Trump em novembro de 2024, não se fala em outra coisa senão sua política comercial e seus impactos na importação mundial.
A verdade é que toda essa discussão pode parecer distante, mas afeta muito mais a sua vida do que você imagina.
Variação cambial: o que é e por que importa?
A variação cambial refere-se à flutuação da moeda americana em relação ao real (ou a outras moedas). Quando o dólar sobe frente ao real, por exemplo, importar se torna mais caro, afinal, a maioria dos contratos internacionais são fechados em dólar. Isso significa que todas as compras feitas pelo Brasil no exterior, especialmente dos Estados Unidos, ficam automaticamente mais caras — e esse custo, cedo ou tarde, chega ao consumidor.
Principais produtos de importação do Brasil dos EUA
O Brasil importa uma variedade significativa de bens, muitos deles com alto impacto na nossa economia e poder de compra. Esses produtos não são apenas supérfluos ou voltados para consumo direto, mas insumos que alimentam toda a cadeia produtiva nacional.
A maioria dos produtos importados dos EUA são insumos industriais e bens de capital, com menor volume voltado ao consumo direto. Ainda assim, alguns itens se destacam pelo impacto no cotidiano.
Abaixo, alguns deles:
Gasolina: embora o nosso país seja produtor, nós ainda importamos para complementar a produção interna. Os EUA são hoje o maior exportador de energia do mundo.
Medicamentos: imunossupressores, remédios oncológicos, para doenças autoimunes, antirretrovirais, insulinas modificadas e vacinas são exemplos comuns dos medicamentos dessa lista de importação. Muitos desses produtos não têm produção nacional em larga escala ou dependem de tecnologias patenteada.

O “America First” e o impacto do tarifaço na importação
Durante seu governo, Trump adotou uma postura econômica baseada no protecionismo, com o famoso slogan “America First”.
Na prática, isso significa reduzir a dependência de produtos estrangeiros e incentivar a produção interna nos EUA. Ou seja, menos importação e mais produção nacional.
Digamos que, se Donald Trump fosse presidente do Brasil, o equivalente seria produzir internamente toda (ou quase toda) a gasolina e os medicamentos necessários ao país, evitando comprar dos Estados Unidos.
A ideia é garantir autossuficiência — o que soa estratégico, mas também provoca tensão no comércio global afetando toda a cadeia de importação.
Importação dos EUA: o outro lado da moeda
Curiosamente, os EUA também são fortemente dependentes de importações, especialmente da China. Produtos como eletrônicos, roupas, calçados, brinquedos, móveis, utensílios domésticos e ferramentas vêm em grande parte do gigante asiático. E segundo Donald Trump: “isso é injusto!”
Esse clima de tensão gera incertezas globais. E quando há insegurança, os mercados buscam moedas seguras — ou seja, o dólar. Resultado? Valorização da moeda americana, o que, por sua vez, encarece as importações brasileiras afetando toda a cadeia produtiva e chegando a nós, consumidor final.
Quando o Brasil paga mais caro para trazer algo para o país, nós, consumidores, também pagamos mais caro na hora de retirá-los da prateleira.
Mas por que não importar de outro país?
Às vezes, não dá. Ou o produto não está disponível em larga escala, ou outros países também impõem barreiras comerciais. Com a alta do dólar e das tarifas, muitas empresas brasileiras trocaram seus fornecedores, o que gerou atrasos na entrega, aumento dos custos de transporte e problemas de abastecimento.
Agora você entende o que tudo isso tem a ver com você?
Sim, tudo.
O medicamento que você toma, a gasolina que você coloca no carro, o celular que você compra e até o seu pãozinho de todas as manhãs podem aumentar de preço. E, se já não aumentaram, provavelmente ainda vão aumentar.

Empresas que dependem de insumos internacionais são diretamente afetadas por esses impactos e precisam repassar esse custo ao consumidor.
As decisões de líderes como Donald Trump, o sobe-e-desce do dólar e as disputas comerciais globais não ficam restritas aos livros de economia. Elas afetam seu dia a dia, os preços nas prateleiras, os custos das empresas e a organização do mercado.
Entender como tudo isso se conecta é essencial para tomar decisões mais conscientes e fazer a conta fechar no fim do mês.