Disponível desde o último dia 23 de julho, “Operação: Lioness” é a mais nova aposta do Paramount+. Com uma produção praticamente hollywoodiana, a série não economiza em efeitos especiais, locações e explosões. Tudo isso para contar uma trama de espionagem onde recrutas femininas dos fuzileiros navais norte-americanos trabalham infiltradas em terras inimigas. Elas precisam conquistar a confiança das mulheres hijabi para conseguir extrair informações sobre seus maridos talibãs.
De início, pode parecer uma fórmula até meio cansada: a ideia de que os EUA sabem sempre o que é certo e que sua “guerra ao terror” tem o intuito de salvar o mundo. A novidade aqui, na verdade, é a abordagem da trama, que segue um grupo de mulheres soldadas (as “lioness” – “leoas”, em português) e mostra seus conflitos na tentativa de administrar o trabalho e as vidas com suas famílias.
No elenco de protagonistas estão a dupla Zoë Saldaña, de Guardiões da Galáxia Vol. 3 – 2023, e Laysla Oliveira, de Locke & Key – 2020-2022 – que interpretam, respectivamente, Joe (a comandante da equipe Lioness) e Cruz Manuelos, a nova recruta. Duas mulheres absurdamente diferentes que tentam trabalhar juntas na tentativa de chegar a um único inimigo.
As muitas realidades femininas de Operação: Lioness
O ponto forte da série, certamente, é a criação da nossa empatia com as personagens principais. Enquanto Joe precisa mostrar toda sua determinação para tomadas de decisões difíceis (incluindo bombardear seus próprios agentes) e enfrentamento de seus superiores, Cruz começa sua jornada em um relacionamento abusivo. A jovem sofre agressões de seu companheiro e encontra refúgio na Marinha americana, após fugir de casa na manhã em que revidou os maus-tratos a que era submetida.
Fora do serviço militar, Joe tem uma família bem estabelecida, um marido cirurgião e um par de filhas. A mais velha banca a típica adolescente: sempre insatisfeita com a ausência da mãe (que ele não sabe ser uma agente secreta) e causando problemas que são peculiares da sua idade.
Já Cruz, se destaca no serviço militar mostrando imensa determinação. É uma soldada exemplar, demonstrando alto desempenho físico e intelectual. Parece sempre querer estar provando para si mesma que nunca mais abaixará sua cabeça para nenhum agressor. Ela tem origem humilde, perdeu um irmão para o crime e, apesar de sua reconhecida capacidade, desistiu de estuar e ganhava a vida fazendo hambúrgueres em uma lanchonete.
Cruz protagoniza as cenas mais cruas de agressão física, o que pode causar certo desconforto em quem assiste.
Baseada em acontecimentos reais?
As “leoas” do exercito americano realmente existiram. Com a missão de revistar e de ganhar a confiança das mulheres locais, a Força-tarefa Lioness atuou no Afeganistão e no Iraque. O intuito era o mesmo apontado na série: como a cultura mulçumana dificulta bastante a aproximação entre homens e mulheres, as americanas eram treinadas para se infiltrar entre as mulheres hijabi e, dessa maneira, conseguir informações que revelassem a localização dos verdadeiros alvos – normalmente parentes e/ ou companheiros das espionadas.
No entanto, a existência da operação serve apenas como base de referência para produção. Todos os personagens e situações apresentadas nos episódios são fictícios. Vale dizer também que o projeto Lioness da realidade teve uma vida curta. Eventualmente, as militares americanas acabaram recrutando mulheres locais para fazer as buscas de segurança em locais de difícil acesso por serem culturalmente sensíveis.
Quantos episódios terão e o que esperar de Operação: Lioness?
A estreia da série no Paramount+, dia 23 de julho, contou com 2 episódios. Diferente do formato “maratona” da Netflix, a Paramount+ tem feito com seus produtos como a maioria dos outros streamings, lançando um episódio por semana. Eu aguardei mais um domingo para ver o terceiro capítulo e, só assim, tecer minhas impressões. Não gostaria de formar uma opinião baseado apenas na apresentação, digamos, “impactante” do primeiro episódio.
E aqui, acho importante dizer, todo a ação megalomaníaca desse primeiro momento, com helicópteros, mísseis e bombas, fica só aqui mesmo. Do segundo capítulo em diante a série baixa muito esse tom de “filme de guerra” e foca bem mais em uma trama de espionagem. Também, a exemplo das produções mais atuais, “Operação: Lioness” vai fundo na crítica social.
Taylor Sheridan, um dos criadores da série junto à própria Zoë Saldaña e Nicole Kidman (que também está no elenco), tem a mão pesada quando fala sobre a realidade das mulheres que, de alguma maneira, sofrem abusos. Seja em casa, por seus maridos, seja nas suas hierarquias militares, ou até mesmo nas relações das mulheres muçulmanas, que são forçadas a terem os maridos (e até os amigos) escolhidos pela família.
No total, a primeira temporada contará com 8 episódios dominicais, já catalogados no calendário da Paramount+, terminando em 3 de setembro.
Mesmo estreando em primeiro lugar no Top 10 da plataforma, “Lioness” não teve uma recepção muito calorosa, ostentando apenas 57% de aprovação da crítica especializada no Rotten Tomatoes. Já o público geral parece ter gostado (a aprovação chega a 73%). No IMDB a nota da série é 7,5/10.